Oferta do BRCR - Principais Dúvidas e Como Participar
POR
Nathan Octavio (Nod)
Nathan Octavio (Nod)
Na noite do último dia 26, o Fundo Imobiliário BC Fund (BRCR11), convocou uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para decidir sobre a realização da 6ª emissão de cotas. Seguem algumas informações da Assembleia e da Oferta.
Desde então, muitos investidores têm me procurado com todo tipo de dúvidas. Então, eu coletei as principais questões e fui a campo. Conversei com gente próxima ao tema, tanto pessoas favoráveis à emissão quanto contrárias e compilo abaixo o que apurei, junto com as minhas opiniões pessoais.
P: Por que fazer uma Oferta 476 ao invés de fazer uma Oferta Pública (ICVM 400)?
R: Uma Oferta de Esforços Restritos tem menos exigências por parte das normas da CVM e, com isso, pode ser feita mais rapidamente. A negociação da Torre Sucupira é uma questão que, se demorar muito, gera o risco de outro interessado acabar comprando antes do BC Fund. Então não há tempo de fazer uma Oferta Pública.
P: O fundo, no dia da divulgação da convocação, estava cotado a R$ 95,00. O valor patrimonial da cota, de acordo com o último informe mensal, está em R$ 111,06. Por que fazer a emissão com um preço tão descontado?
R: O Regulamento do Fundo, em seu artigo 18, afirma que podem ser usadas três métricas para o valor da Oferta: o Valor de Mercado, o Valor Patrimonial, ou o Dividend-Yield compatível com as perspectivas do fundo. Tendo em vista que o valor de R$ 80,74 não está próximo nem do Valor de Mercado, nem do Valor Patrimonial, só podemos inferir que se trata da terceira hipótese. Nos documentos publicados até agora, não há maiores informações sobre como se chegou a esse valor (por exemplo, as premissas de receitas do fundo ou taxa de desconto utilizada), mas a equipe de gestão vai dar mais esclarecimentos diretamente na Assembleia.
P: Porque fazer um lote adicional de 75% das cotas da Oferta, se o mais frequente é de cerca de 20%?
R: Além das duas destinações que foram explicitadas acima, há conversas para outras aquisições, mas nenhum negócio está fechado. Caso, até o fim da Oferta, essas negociações amadureçam, o fundo vai emitir essas cotas para captar mais. Assim, reduz-se o risco do fundo ficar com dinheiro parado em caixa.
P: O imóvel Senado era parte da negociação de compra e venda de imóveis entre o fundo e a Brookfield. Se o fundo recebeu mais do que tinha a pagar, por que está captando esse dinheiro? Não poderia ter só reduzido a distribuição grande que fez em fevereiro?
R: Pela lei 8668/1993, todo fundo é obrigado a distribuir, no mínimo, 95% do resultado de suas operações. Então, o gestor não tem liberdade para fazer a retenção desse lucro para pagar a aquisição do imóvel Senado. A única possibilidade seria fazer uma Assembleia para que os cotistas presentes decidissem dessa maneira, o que não é simples de fazer, tendo em vista a enorme base de cotistas do fundo.
P: E se a emissão de cotas não for aprovada? Como o fundo vai pagar o imóvel Senado?
R: Essa questão não tão é urgente já que o prazo de pagamento negociado com a Brookfield é só no segundo trimestre de 2020, o que dá tempo suficiente para avaliar alternativas.
P: Porque não será permitido o voto à distância, como em outros fundos?
R: Alguns administradores ainda não estão confortáveis sobre esse tipo de votação, pois as normas acerca disso ainda não são claras.
P: Um custo de 4,04% não estaria muito alto para uma Oferta 476? Pode chegar a mais de R$ 21 milhões.
R: Vemos argumentos para os dois lados. Vários fundos fizeram Ofertas 476 recentemente com taxas mais baixas, entre 2% e 3%. Dentre os entrevistados, alguns alegam que o fundo poderia conseguir até abaixo disso, já que, por ser uma emissão maior, muitos desses custos seriam diluídos. E outras pessoas com quem conversei lembram que é um fundo com cerca de 70 mil cotistas e que dará três tipos de direitos diferentes ao atuais cotistas. Isso traz um trabalho maior para organizar, o que significa um custo maior.
P: Como se dará o Direito de Preferência com direito de subscrição de sobras?
R: Esse foi um dos mecanismos escolhidos para valorizar e favorecer os investidores que já são cotistas. A praxe de mercado é que os cotistas recebem Direitos de Preferência apenas na proporção das cotas possuídas e, que as cotas não subscritas são diretamente destinas à Oferta Pública. Nesse caso, será diferente: serão três direitos diferentes:
Ou seja, os pedidos de subscrição feitos dentro dos dois primeiros direitos serão atendidos integralmente. Apenas o valor pedido no Montante Adicional é que pode sofrer rateio, o que vai depender do volume subscrito pelos atuais cotistas e pelo investidores da Oferta.
E, para representar aqueles que não puderem ir, eu mesmo vou estar na Assembleia, levando as procurações. Basta me enviar um e-mail ([email protected]) e eu envio o modelo de procuração, que deve ter firma reconhecida e ser enviado por correio em tempo hábil para chegar em São Paulo até a noite do dia 09, segunda-feira. No e-mail eu passo maiores esclarecimentos.
Então, cabe a você, cotista do fundo, se manifestar sobre o assunto, e decidir o futuro do BC Fund. O gestor e o administrador são apenas prestadores de serviço; a palavra final sempre será do cotista, que é o verdadeiro dono do fundo. Então todo voto conta. Participe!
O gestor tem que demonstrar que realmente realiza uma gestão ativa e performa no longo prazo acima do seu benchmark. Caso não performe ou não comunique de forma objetiva suas estratégias é melhor o investidor avaliar de forma cuidadosa a manutenção desse fundo em sua carteira.