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O Investimento em CRIs Pulverizados
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Eduardo Malheiros (EduMalheiros)

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Publicado em
03 / 07 / 2019
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Diretor Habitat Capital Partners
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O Investimento em CRIs Pulverizados

O crédito imobiliário decorrente de financiamento residencial representa uma expressiva parcela do balanço dos bancos brasileiros. Caraterizado por prazos longos e a chamada garantia real, que é o próprio imóvel, atualmente está entre as modalidades de crédito com menor taxa de inadimplência do mercado. Mas nem sempre foi assim. Os números de inadimplência caíram drasticamente após a instituição da alienação fiduciária de bem imóvel em 1997, dado ao bom funcionamento da execução extrajudicial da garantia imobiliária que este mecanismo passou a oferecer.

O investimento nessa modalidade de crédito está disponível à pessoa física por meio de Fundos Imobiliários (FII) que adquirem Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) lastreados em recebíveis de compra de imóveis residenciais. Esses ativos normalmente são indexados à inflação e têm taxas de juros mais atrativas que as de títulos públicos, além do benefício da isenção de imposto de renda. Essa estrutura pode aparentar complexidade, mas traz elevada governança para o investimento, que será acompanhado por uma securitizadora e um agente fiduciário, no âmbito do CRI, além de um administrador e um gestor no FII, todos eles entes regulados por CVM, BACEN e/ou Anbima.

O mercado de CRI’s tem ainda bastante espaço para crescer no Brasil. Para efeitos de comparação, enquanto aqui foram emitidos menos de R$ 10 bilhões em CRI’s ao ano nos últimos cinco anos, dos quais menos de 20% com lastro em recebíveis residenciais, nos EUA, as emissões de Mortgage Backed Securities, similares na essência ao nosso CRI, estão na casa do trilhão de dólares anuais. O principal motivo da diferença é o fato de o crédito imobiliário ser direcionado e subsidiado aqui no Brasil. As recentes mudanças anunciadas pelo CMN na Resolução 4.676, que visam flexibilizar o crédito imobiliário, devem impulsionar esse mercado. O discurso da nova equipe econômica, quando fala em “desestatizar” o crédito, também reforça essa linha.

Como em qualquer modalidade de investimento, a escolha de um bom gestor é fundamental. Para gerir uma carteira de crédito imobiliário, este deve ter a capacidade de originar as melhores operações, estruturá-las para que sejam saudáveis e exequíveis, e controlar o seu lastro de maneira granular.

Em termos de originação, o Brasil tem oportunidades espalhadas por todo o seu território. Mesmo nos locais mais distantes há demanda por moradia e, portanto, por crédito imobiliário. O fato parece óbvio, mas, aparentemente, é ignorado pelo mercado. O Estado de São Paulo tem 22% da população, 32% do PIB e 46% do crédito imobiliário residencial com recursos de poupança do Brasil, enquanto em quase todos os demais estados essa relação é inversa. Capilaridade na busca por ativos traz uma diversificação saudável a qualquer carteira, e a busca em regiões menos atendidas pode dar acesso a operações menos disputadas e, portanto, mais vantajosas para o investidor.

A capacidade de estruturação dessas operações também é fundamental. Em primeiro lugar, para que os ativos adquiridos tenham capacidade de cumprir os pagamentos contratados. Aqui é a habilidade de análise do gestor que sobressai, tanto do ponto de vista de crédito, quanto do imobiliário. Um segundo ponto é a parte jurídica da operação, contratos bem amarrados e a boa formalização das garantias são fundamentais para que as mesmas sejam efetivamente executadas em caso de necessidade, garantindo a adimplência das operações.

Por último, mas não menos importante, está a disciplina de controle das operações. Quando se dá crédito a grandes empresas, o volume por operação tende a ser maior e, portanto, ter risco mais concentrado, do que quando se financia indivíduos que estão comprando a sua casa. É isso que faz o CRI lastreado em crédito residencial ser chamado de “pulverizado”. A saúde de um CRI com esse tipo de lastro depende do pagamento em dia de centenas ou milhares de mutuários. Cabe ao gestor garantir eficiência à cobrança dessa carteira.

Importante destacar também o benefício da pulverização, que é a sua diversificação – o não pagamento por parte de um mutuário terá impacto reduzido, ou até nulo, caso haja estrutura de subordinação na operação, diferente de operações de lastro concentrado em que a quebra de uma empresa pode levar ao default total da operação.

Em 2018, dos R$ 9 bilhões de CRI emitidos no Brasil, segundo levantamento da Uqbar, apenas 17,4% tinham lastro pulverizado, contra 82,6% com lastro concentrado. O que chama atenção, no entanto, é que, das operações indexadas à inflação, aquelas com lastro pulverizado tiveram taxa média ponderada de emissão de 12% mais inflação, contra 7,3% mais inflação das operações com lastro concentrado. A diferença parece representar um prêmio de risco exagerado, talvez fruto de certa assimetria de informação entre investidores e emissores desse tipo de papel.

Corrobora-se, assim, a tese de que um trabalho bem executado na gestão de uma carteira de CRI pulverizados, com originação ativa, estruturação diligente e controle efetivo, pode resultar em bons frutos para o investidor interessado nesse tipo de diversificação.

A vertiginosa queda do XPCM11 e a condenação dos monoativos
A fulminante queda do XPCM11, ocorrida nos dias 10, 11 e 12 de julho de 2019 por conta do anúncio da saída da Petrobras, derrubou a cotação do fundo, levando-a de R$ 100,00 para menos de R$ 53,00 (e ainda pode cair mais) e causando polvorosa agitação nos fóruns do Clube FII.
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Rodrigo Castro
12 / 07 / 2019 5 min de leitura
Coronavírus e a maior queda dos Fundos Imobiliários da história
Os investidores de Fundos Imobiliários, após um alta expressiva em 2019 de 35,9%, já sentiram a correção no IFIX desde o começo de 2020. O fato é que fechamos o ano de 2019 em 3.198 pontos com uma alta “fora do padrão” de 10,77% somente em dezembro. Dos analistas que havia conversado, logo no começo desse ano, todos concordavam que esse rally de alta extra de dezembro poderia ser corrido em algum momento. Isso começou a ocorrer logo em janeiro/2020. Antes do "efeito coronavírus", ao calcular a rentabilidade do IFIX até a sexta de carnaval, tínhamos um IFIX em queda de 5,63%.
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Thiago Otuki
13 / 03 / 2020 5 min de leitura
Fundo de Fundos: uma alternativa de diversificação para investidores de FIIs
Uma dúvida muito recorrente entro os investidores iniciantes em fundos imobiliários é sobre a alocação nos fundos de fundos ou “FOFs” (Fund of Funds). Quais as possíveis vantagens em investir em um FOF? Os fundos de fundos que investem em cotas de FIIs são uma alternativa para investidores com poucos recursos e que desejam uma grande diversificação. É necessário entender que esse tipo de fundo é um importante veículo de investimentos para determinados perfis e que podem compor a carteira dos investidores mais experientes e qualificados em muitas situações.

O gestor tem que demonstrar que realmente realiza uma gestão ativa e performa no longo prazo acima do seu benchmark. Caso não performe ou não comunique de forma objetiva suas estratégias é melhor o investidor avaliar de forma cuidadosa a manutenção desse fundo em sua carteira.
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Thiago Otuki
24 / 05 / 2019 5 min de leitura
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